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sexta-feira, 8 de março de 2013

Notícias de um dia frio


Mais um dia de frio

A gente nem se dá conta de como o tempo passa.  Amanhã faz um mês desde a última atualização do blog e tanta coisa aconteceu que não dá nem para contar.  Os meninos chegaram do Brasil com meus pais.  Estes já foram embora, antecipando em duas semanas a partida.  Crianças em escola e creche.  Mamãe começando a procurar emprego e marido aguardando o curso de inglês full time para o qual foi indicado pelo governo canadense (e de graça, yupii!!).

Hoje, pela primeira vez, me sobrou um pouco de tempo antes de levar os meninos para a escola.  Precisamos sempre de um tempo extra para colocar casaco, meias, luvas e botas, em si mesmo e nas crianças, ainda totalmente desacostumadas a se vestirem que nem cebola.  Mas hoje, por incrível que possa parecer, Théo ficou navegando em seu computador, Tom assistindo Dora e eu matando o tempo.  Isso significa, a meu ver, que com o tempo, ao que parece, tudo vai ficando menos difícil.  Assim espero.

Deixando Théo na escola. Como sempre, não quer tirar foto
As coisas aqui estão bem.  Já temos o que se pode falar uma rotina que, por enquanto (que o inverno insiste em deixar quase que exclusivamente indoors). Os meninos não dão mais trabalho para ir pra escola.  Théo gosta, chega animado e vai para a sala sem nenhum problema. Às vezes, apenas em dias de muito frio como hoje, se amarra para sair do carro e ficar os longos cinco ou dez minutos 'brincando' na área externa da escola, até bater o sino e todos entrarem. Para desespero da mãe tropical aqui, me disse que brinca na neve todos os dias no intervalo.  Sempre penso na tal da gripe, e no que minha avó falava que 'menino não pode ficar molhado senão pega uma pneumonia'.  Afinal, a neve derrete e deixa a perna do pequeno toda molhada, né?  Claro que eles levam roupa própria para esses momentos.  Mas o meu filho, teimoso que é, não vai se dar ao trabalho de vestir aquele macacão de nylon antes de sair.

Na hora do intervalo Théo tem acompanhamento com a professora de ESL (english as a second language), juntamente com um amigo chinês (que ele diz, todo orgulhoso, MEU AMIGO) e que teima em não lembrar o nome.  São muitos estrangeiros.  A própria professora de ESL, que pelo nome árabe, (Mrs. Visham), não é canadense.  A vice diretora é grega.  Todos devidamente incluídos na sociedade, aceitos e parte deste país multicultural.

Ele já está bem mais confortável com o idioma e, para minha surpresa, diz que já consegue entender o que as pessoas falam.  Tá no momento de completo input.  A produção em inglês, acredito, demore mais uns dois meses. Embora ainda não se comunique no inglês, adora pegar palavras que já conhece e montar frases estilo Juruna (sem verbo).  tipo: dad, can I apple please? or can I banana please? É de morrer de rir! Perguntou esses dias o que era welcome - se significava 'de nada', pois quando ele diz thank you respondem: you are welcome.

Tom chegando no daycare.
Tom anda uma figuraça como sempre.  Tirando a adaptação na creche, que está um pouco difícil, tem se  comportado bem.  Andou dando trabalho para dormir no quarto dele, querendo ficar o mais grudado possível  com nós dois, mas já melhorou. Dizia muito, mais de duas vezes por semana, que 'papai e mamãe iam viajar e ele ia ficar com vovó'.  Ainda tá com a lembrança das três semanas que ficou sem a gente bastante nítida, e isso é de cortar o coração.  Já disse algumas vezes que agora ele só vai viajar de avião com a gente e, ao menos por um tempo, isso parece tranquilizá-lo. 

Ainda estou sem trabalhar, e sem nenhuma possibilidade concreta para curto prazo.  Mandando currículos, fuçando sites, participando de workshops.  Mas, ao que parece, a forma mais efetiva é por indicação de amigos empregados.  Como meu network não é tão extenso assim, tenho que me virar como posso, confiando, também, na sorte e no meu anjo da guarda.  Estive fazendo walk-ins (visita sem marcar horário) em umas agências de emprego e, de uma delas, ouvi da profissional que a tal da experiência canadense, ainda que seja como voluntariado, é imprescindível para quem está contratando.  Caso contrário, tudo fica bem mais difícil.  Pensando pelo viés do empregador, é super compreensível.  Afinal, ainda não sou ninguém aqui, não tenho uma referência, ninguém me conhece.  Mas pensando pelo meu prisma, o que eu faço meu Deus???

Estou atirando para todos os lados.  Amanhã tenho um horário marcado com uma pessoa do governo que, ao que parece, tem como função ajudar os imigrantes a se reinserirem na sociedade.  Se eu fico um pouco ansiosa e apressada, por outro lado penso que talvez eu não seja a maior interessada em um emprego. Nós, imigrantes, custamos muito para o país, com os benefícios e tal, sem falar com o fato de que não pagamos impostos ou produzimos renda quando parados.  Então, para o Canadá é melhor nos ver trabalhando, não?  Depois desse appointment, dependendo do rumo das coisas, talvez considere a possibilidade de procurar um emprego meio período em rede de supermercado ou restaurante fast food, que estão sempre contratando.  Os 'survivals jobs' são menos exigentes.

Por ora é só.  Tirando o frio (hoje de -9 C e da neve que se acumula na minha porta de entrada) a adaptação está bem melhor do que eu pensava.  So far so good.

3 comentários:

  1. o frio nao me assusta mais, espero que consiga viver o inverno com todas as alegrias que ele pode proporcionar. crianças estao muito lindas agasalhadinhas

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  2. Ju, que delícia ler notícias suas! Acho que vc vai arajar um emprego legal, sim, tem que continuar tentando, que frequentar todos os workshops, palestras, ampliar mesmo a rede. E, claro, se voluntariar mesmo, não só porque ajuda a arrumar emprego depois, mas porque ajuda a fazer amigos e a se inserir na cultura local. Voluntariado é a palavra-chave para a inserção.
    Beijos

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  3. Oi Juliana, meu nome é Natasha e estou pesando em mudar para Calgary: temos dois 2 filhos, de 3 e 1 ano, e ano passado moramos no Quebec por um tempo. Voltamos para o Brasil e ano que vem pretendemos ir para Alberta. Um dos motivos que nos fez sair do Quebec foi a falta de vagas em creches e escolas (além da péssima situação econômica). Como foi essa procura por escolas aí em Calgary? A creche é particular? Agradeço por sua atenção
    Natasha

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