Colaboradores

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012 E O 'EXERCÍCIO' DA CIDADANIA

Lembro com  uma relativa saudade o tempo das cédulas de papel nas eleições.  A urna, quando eu era criança, exercia em mim uma magia, uma fascinação indescritível.  Tudo isso junto com o fato de que costumava ir com meu pai votar, ajudava a depositar o papelzinho na urna, juntamente com a esperança por um futuro melhor, por mudanças consideravéis no futuro do meu país e da minha cidade.  A crença em um futuro melhor levava todos no dia das eleições às suas zonas eleitorais, ao exercício do dever cívico, ao respeito a este dia tão importante.  

Posteriormente, ainda acompanhava a apuração dos votos.  Não sei quantas vezes eu fiz isso, mas ficou marcado o frio na barriga que sentia, as batidas alteradas no coração e os pulos e aplausos a cada voto computado para o meu (de meu pai) candidato.  Tudo isso no lugar que hoje abriga a maior delicatessen de Salvador (Perini), quando ainda era o meu querido Clube Baiano de Tênis.

E as risadas coletivas em cada voto nulo? Macaco Simão, Chacrinha, Jesus Cristo, etc.  Esse sim, um verdadeiro ato de protesto.  Os votos em branco eram poucos pois, segundo meu pai, depositar uma cédula eleitoral em branco nas urnas era um prato cheio para possíveis fraudes nas eleições.  Em suma, esperei com ansiedade completar 16 anos para também, naquele momento, me sentir de fato uma cidadã, uma pessoa  suficientemente responsável para escolher seus diligentes.  

Isso tudo apenas para mencionar o quanto que me sinto triste com a verdadeira palhaçada que as eleições se transformaram atualmente.  Não aguentava ver minha cidade, além de abandonada pelo atual prefeito, totalmente poluída com cartazes, santinhos e pichações.  Nos canteiros centrais, nos outdoors, na rádio, na televisão. Candidatos sem qualquer proposta congruente para esta São Salvador da Bahia.  Propagandas ridículas que subestimam a inteligência (e a memória) dos eleitores, com uso de pessoas dançando, axés, reggaes e pagodes para dizer que vão resolver, principalmente, o problema do trânsito de Salvador.  Isso sem falar dos milhares de candidatos a vereadores (para apenas 43 cadeiras) que fazem da campanha desta cidade um verdadeiro circo, com baixarias e slogans de campanha tão idiotas que chegam a ofender. 

Vejo que o soteropolitano é o melhor que essa cidade tem.  E este, infelizmente, perdeu o amor próprio, a sensação de pertença com relação à sua cidade, a sua auto-estima.  Estamos cabisbaixos, desesperançosos,  descrentes em um futuro melhor.  Neste sentido, o futuro, que nos movia para frente há um quarto de século, quando eu era criança e adorava 'votar', atualmente não nos trás qualquer ânimo.  É a completa certeza de que nada vai mudar, as coisas não vão melhorar.  E, por este motivo, só nos resta viver o dia a dia, acordando cedo, enfrentando o trânsito infernal de Salvador ou, para os menos favorecidos, agradecer quando consegue entrar no ônibus, ainda que pendurado para o lado de fora.

Nos contentamos, pois, em escolher um candidato 'menos pior'.  Não conheço absolutamente ninguém que tenha votado feliz, convicto no que fez, tendo certeza da qualidade do seu candidato.  E, pelo menos para, se contentar com o menos pior é muito pouco!!

Aqui estou eu, pós eleições, olhando para essa sujeirada produzida por nossos representantes com profunda tristeza.  Gentém! Foram 88 toneladas de lixo nas já tão sujas ruas de Salvador!

 Me sinto, de fato, ressaqueada.  E, ainda por cima, com um enorme problema: escolher alguém para votar no segundo turno.  Gostaria mesmo de, nesta época do ano, já estar no Canadá para não ter que lidar com este problema.  Porque votar nulo sempre foi contra os meus princípios...



Um comentário:

  1. Oi Juliana,

    Muito triste mesmo o que está acontecendo aqui.... E o pior é que o povo acha que "é assim mesmo" .... quem se incomoda não tem outra alternativa que não seja fugir daqui!!!

    Bjs para vcs

    Dupla

    ResponderExcluir